domingo, 27 de dezembro de 2009

closure

Falaste por fim. Explicaste o que sentiste, o que aconteceu - da tua perspectiva.
E já não me dizes o mesmo. Já há muito que pensar em ti não me tira o fôlego. Sabes que sigo o meu caminho e dizes que não espero por ninguém.
Mas quiseste falar, explicar, rever, desculpar-te, inventar razões que não servem. O mesmo discurso outra vez, o problema não é meu [nunca é!]. Mas uma série de mal-entendidos e preconceitos deram-te a certeza de eu ser outra [tretas?]. E quando afinal fui melhor, já me tinhas bloqueado.
Já passou. Mas desenterraste verdades e deixaste-me a pensar naquilo que fui, naquilo que sou e naquilo em que me quero tornar, no que dei, no que tirei, no que mostrei e escondi.
Os nossos caminhos são diferentes do que esperei.
Acho que a culpa é minha.
E acho que não acredito mais.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Sigo o teu nome por estradas velhas, persigo-te assim, por caminhos antigos e traiçoeiros, saltando-te pedra a pedra, a querer aparecer-te à porta, ao portão, a esperar-te escondida com o azedume do assédio a fervilhar dentro de mim. Quero agarrar-te a cara com as mãos, à tua saída, e fixar-te as feições espantadas, o olhar surpreso, o maxilar rígido e desconfiado. Sigo-te à tua morada, entreteço em mim tudo o que de ti sei, corro atrás de ti com a curiosidade de uma criança com o seu franzir de sobrolho, indagante, sempre a virar as esquinas atrás de balões e de seres etéreos. Guardo de ti tão pouco: um amor que não conheço arrastado pelo chão da minha casa, sabedorias incompletas e uma ternura brevemente derramada numa madrugada qualquer, soprada como um segredo. Sinto-te, que queres?, como se me respirasses aqui e agora para o ouvido e isto são coisas que a ciência não explica. Mas sigo-te sem fé, aos ressaltos e renitente, como esse gaguejo subtil que te trai quando te preparas para me dizer a verdade e que eu ao princípio confundia com um defeito da ligação, que parecia prolongar-te as sílabas no ar. Tens qualquer coisa de sino de igreja que avisa, que insiste e não perdoa, mas que ao mesmo tempo redime. E uma violência feroz que às vezes te escorrega pelas palavras, sem dares conta, porque o que mais queres é ser meigo. E eu, olha, eu a dar o teu nome a este documento de texto e a pôr em baixo a tua fotografia, se a tivesse. E então ninguém te poderia confundir com um filme, com um argumento inventado por outros. Tu és um caminho; um caminho por onde vago à toa, acossada pela posse e pelo vazio, sem final feliz à espreita. Mas também és uma espécie de verdade, uma verdade não comprovada que me rasa a pele e me amarga os sonhos, e por isso hoje não finjo que esta estória não nos pertence.

Não é meu, é daqui, mas podia bem ser... não pela excelência da escrita, que dessa estou longe, mas pelas verdades que encerra.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Coisas que não compreendo

A incoerência.
Incomodam-me a incapacidade de decisão e as atitudes ao sabor do vento.
Há contextos em que isto é sinónimo de liberdade, mas quando se está a falar de relações sociais a incoerência é uma mina.
Eu sei que também sou incoerente... mas porque deixo que os incoerentes definam o que vou fazer a seguir!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Gosto deste lugar onde desperto só para mim...


[enjoying myself]

terça-feira, 30 de junho de 2009

Não tenho que:

estar ou não estar.
pensar sequer se estou ou não.
me preocupar com o que vais pensar.
medir as minhas possibilidades pelas tuas medidas.
exigir de mim o que não exijo de ti.
sentir a dobrar.
saber o que quero se sei o que não quero.
acreditar no mesmo.
ouvir a tua banda sonora.



["Ok, I win! You finally lost me..."]

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Triste

pela desilusão
pela impotência
por simpatia
pela injustiça
pela desordem
pela vulnerabilidade
pela impossibilidade
pela incredulidade
pela fraqueza
porque também queria acreditar

por tudo o que não me diz respeito
mas diz!

terça-feira, 16 de junho de 2009

Corrige-me. Deslumbra-me. Abana-me. Elogia-me. Insulta-me. Critica-me. Actualiza-me. Prende-me. Ampara-me. Agride-me. Protege-me. Vira-me do avesso. Mima-me. Bate-me. Questiona-me. Aplaude-me. Pensa-me. Carrega-me. Olha-me. Chora-me. Vence-me. Liga-me. Fala-me. Despe-me. Ignora-me. Escreve-me. Mostra-me. Revela-me. Tira-me tudo. Devolve-me. Levanta-me. Anima-me. Toca-me. Ajuda-me. Trabalha-me. Muda-me. Prova-me. Sente-me. Acalma-me. Enerva-me. Consola-me. Odeia-me. Deseja-me. Convence-me. Ilude-me. Desilude-me. Abandona-me. Adora-me. Curva-me. Leva-me. Embeleza-me. Transborda-me. Traz-me. Acaricia-me. Abraça-me. Penetra-me. Incentiva-me. Vê-me. Atinge-me. Vive-me. Conhece-me. Atira-me. Nota-me. Entrega-me. Pede-me. Impede-me. Percorre-me. Aquece-me. Magoa-me. Lembra-me. Excita-me. Sussurra-me. Mente-me. Respira-me. Perde-me. Saúda-me. Despede-me. Acolhe-me. Integra-me. Apresenta-me. Desdobra-me. Fortalece-me. Preenche-me. Faz-me. Suscita-me. Calcula-me. Abala-me. Compra-me. Agrada-me. Apanha-me. Ouve-me. Bebe-me. Lê-me. Procura-me. Extravasa-me. Atenta-me. Pinta-me. Chega-me. Sinaliza-me. Diverte-me. Vicia-me. Transporta-me. Expõe-me. Retalha-me. Desmancha-me. Acompanha-me. Vigia-me. Ultrapassa-me. Desafia-me. Acorda-me. Ganha-me. Alerta-me. Assiste-me. Constrói-me. Sonha-me. Recupera-me. Conquista-me. Ama-me. Desarma-me.


[nasce]

quarta-feira, 3 de junho de 2009

perdi

Tenho que admitir que perdi.
Há coisas com as quais não posso competir. Desisto.
Não sou eu.
Não é isto.

E, por outro lado, não deixa de ser um alívio não ter que lutar mais.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Não quero ter a ilusão de ser importante para ti.
Não quero pensar que te podes preocupar comigo.
Quero lembrar-me que posso estar apenas a ser um estorvo.
Quero saber sempre que posso não ser bem-vinda.

Assim, quando o disseres, não será surpresa.

possível

"As possibilidades não morrem com o tempo" - diz Ele.

Não importa, portanto, que não vá ao Japão este ano... posso sempre ir no próximo!

quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Coragem

Ela diz que eu sou a Coragem!

Ela que, com a minha idade, já tinha vivido para ver a morte do seu primeiro filho.
Ela que, com a minha idade, já tinha vivido para sofrer às mãos de um homem que nunca lhe deu valor.
Ela que, com a minha idade, já tinha vivido para ser abandonada.
Ela que, com a minha idade, já tinha três filhos nos braços.
Ela que, em toda a vida, teve que enfrentar o mundo só.
Ela que, em toda a vida, nunca mais dependeu de ninguém.
Ela que, em toda a vida, lutou para no fim não ser reconhecida.
Ela que, em toda a vida, se sacrificou por quem não lhe dá valor.
Ela que, em toda a minha vida, me ensinou o melhor de mim.

Se há coragem em mim, ela nasceu de ti!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Momentos

"queria estar aí para um abraço
não pra dizer nada
só para um abraço
e ele sim diria tudo...
estou aqui pra ti"


Os momentos maus são maus! (espantem-se!)
Mas os momentos maus têm o dom de despertar nas pessoas que nos rodeiam a necessidade de nos amparar... e mesmo para quem não sente essa necessidade habitualmente, há momentos em que nada sabe melhor que um colinho...
E assim se transforma um momento mau num memorável!


[Melhor que isto, só se estivessemos juntas a fazer música!]

segunda-feira, 16 de março de 2009

A minha tenda

Eu tenho uma tenda.
A minha tenda tem uma cobertura feita de um filamento de dedos entrelaçados - dedos de todas as mãos - mãos de todos os que estão permanentemente ao meu lado.

Debaixo da minha tenda os atentados à felicidade não entram, não há ninguém que me possa magoar e só acontecem momentos felizes!
A existir uma coisa que dá pelo nome de "felicidade plena" eu sei que ela só acontecerá debaixo da minha tenda...




A tenda está montada!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Devia bastar ouvir uma música e ser feliz.
Devia bastar ouvir as palavras certas, ainda que vindas da pessoa errada.
Devia bastar sentir orgulho em ti.
Devia bastar um fim-de-semana com sol.
Devia bastar uma viagem perfeita.
Devia bastar um abraço na praia.
Devia bastar dançar.
Devia bastar ser uma "excepção", só porque gosto de carros e de Tarantino.
Devia bastar ler-te...

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mas que cromice!

Não basta uma pessoa ser bombardeada por frases-feitas supostamente representativas de um sentimento profundo, o mais sublime de todos, ainda tem que levar com sugestões idiotas e altamente discriminatórias!

Basicamente, meus meninos, diz esta norma social tacitamente imposta, que vocês podem andar a fazer m%/&%$ o ano todo, desde que, neste belo dia de comemoração da lamechice desmedida que é o dia de S. Valentim, surpreendam as vossas caras-metades com o belo do presente-cliché. Pode ser a almofadinha em forma de coração, ou o peluchinho com a mensagem pirosa, ou ainda a caixinha de bombons em forma de coração (ao menos esta é útil!).

"Abre o teu coração... ela merece", aka "Abre os cordões à bolsa... ela cala-se!"

Isto quer dizer, portantossss, que a sociedade admite que as tipas são umas cromas que andam o ano todo a massacrar a cabeça dos pobres coitados, mas que neste dia, vá!, eles concedem um desconto, e dado que elas são todas umas materialistas, toca de muni-las com corações de latão a ver se ficam caladinhas por uns tempos! Xuuuuuxxxxx!
Shame on you, Swatch bijoux!

Eu prefiro acreditar que há pessoas que só querem partilhar a sua vida, e se puderem fazê-lo com alguém que retribui, não faz diferença o que se faz nestas datas de "comemoração", porque partilham todos os dias, e este não é diferente dos outros.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

para mim


"Real - a alegria de ter música todo o dia


a batida do seu coração que me enche e contagia


A vontade de viver, venha lá o que vier


'tamos juntos, abro a mão a tudo o que o destino me der


A felicidade que nunca agarramos com as pessoas de quem gostamos,


os bons momentos que passamos enquanto a procuramos"

(Da Weasel - O Real)

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

issues

Gostava de deixar alguns assuntos em casa. Em casa, num baú, daqueles que estão no canto do sótão debaixo de um manto de pó, esquecidos do mundo, até que um intruso, familiar distante, se disponha a investigar os seus segredos quando eles já estiverem prontos a ser descobertos - quando já ninguém se puder lembrar e quando já não podem suscitar sentimentos indesejados.

Odeio estas fases em que sinto mais do que penso.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Detesto respostas que não sabem bem o que são. Respostas de quem não sabe bem o que quer responder. Respostas fracas de quem não quer ficar sem dizer nada, mas também não quer comprometer-se com o que queria realmente dizer.

Prefiro a verdade nua e crua. Por muito que doa.
Antes doer logo, que perceber tudo sozinha mais tarde e doer ainda mais.

Poucas são as pessoas capazes de o fazer e, tenho consciência, poucas vezes o fiz - clarificar de imediato, pôr os pontos nos ii, esclarecer tudo o que queremos e não queremos, ou tudo o que ainda não decidimos se queremos ou não!

Só uma pessoa até hoje foi capaz de me dizer tudo, sem medo de magoar, porque compreendia o que eu preferia honestamente e estava suficientemente desligado para conseguir ser sincero...